Alunos da etnia Tapajós Arapiuns, de Santarém, que
participam do curso de Licenciatura Intercultural Indígena
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O Pará é o Estado com maior diversidade
de povos indígenas no Brasil. Segundo dados da Fundação Nacional do
Índio (Funai), no território paraense vivem 55 etnias, divididas em 42
territórios legais. Para garantir o acesso à educação escolar desses
povos, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) desenvolve desde 1995
um intenso programa educacional, por meio da Coordenadoria de Ensino
Escolar indígena (CEEI). Vinculada à Diretoria de Educação para a
Diversidade, Inclusão e Cidadania da Seduc, a coordenadoria realiza
ações de ensino e cursos de formação para professores índios, além de
planejar e orientar políticas públicas de incremento do ensino
fundamental para alunos indígenas, com publicação de material didático
específico.
“Antes da criação da Coordenadoria de Ensino Escolar Indígena, todas
as ações educacionais voltadas para os povos tradicionais eram
realizadas exclusivamente pela Funai. Com a mudança do Plano Nacional de
Educação, cada Estado ficou responsável em gerenciar a educação escolar
indígena em seu território, e com isso a Seduc passou a dividir essa
demanda com os governos municipais”, explica a socióloga Romélia Julião,
coordenadora da CEEI.
No Pará, o atendimento escolar aos indígenas em nível fundamental é
realizado preferencialmente pelas secretarias municipais de Educação e,
em nível médio, a gerência é de responsabilidade da Seduc, que somente
dentro do sistema modular de ensino atende atualmente 994 alunos, de
diversas etnias.
“Os números contabilizados pela Seduc mostram um crescimento
expressivo de alunos indígenas nos últimos seis anos. Além dos 994
estudantes matriculados no sistema modular de ensino, nós temos mais 920
alunos indígenas atendidos no sistema regular do ensino básico”, afirma
Romélia. Além do Ensino Fundamental e Médio, a Seduc oferece cursos de
magistério para formar professores indígenas, que atuarão em suas
próprias aldeias. “Com essa formação, a Seduc amplia o ensino escolar
indígena, promovendo a preservação dessas sociedades. Por isso, a
preocupação da Secretaria de Educação em garantir a interculturalidade
nos currículos escolares, respeitando as especificidades e a diversidade
dos povos indígenas. Pois, somente com esse respeito às diferenças,
conseguimos assegurar a valorização dos povos tradicionais previstos na
Constituição Federal”, esclarece a coordenadora.
Curso superior - Além do ensino básico, o Governo do
Estado garante a expansão da política educacional indígena por meio da
Universidade do Estado do Pará (Uepa). Desde 2012, a instituição oferece
o curso de Licenciatura Intercultural Indígena, voltado para formação
de professores em turmas formadas exclusivamente por populações
tradicionais do Estado. Segundo a professora Joelma Alencar,
coordenadora do Núcleo de Educação Indígena da Uepa, o curso surgiu a
partir da demanda das próprias comunidades indígenas.
“O curso é pautado nos princípios da educação escolar indígena, que
são interculturalidades, bi-multilinguismo e educação escolar
diferenciada e específica. A interculturalidade possibilita o diálogo
entre saberes diferentes, valorizando e reconhecendo a importância dos
povos tradicionais e evitando qualquer distorção conceitual. Por isso, a
nossa metodologia sempre vai partir do conhecimento indígena para os
não-indígenas, priorizando os princípios de cada etnia”, afirma Joelma
Alencar.
No Pará, a Licenciatura Intercultural Indígena é ofertada nos campi
da Uepa de São Miguel do Guamá, para a etnia Tembé, e de Marabá, para os
Gavião; na Aldeia Sororó, para os Suruí Aikewara; em Santarém, no
território étnico-educacional Tapajós Arapiuns, e em Oriximiná para a
etnia Wai Wai.
Da Redação
Agência Pará de Notícias
Da Redação
Agência Pará de Notícias
Adison Ferrera
Secretaria de Estado de Comunicação
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