sábado, 19 de abril de 2014

CONQUISTA

No Pará, indígenas conquistam espaço na educação superior.

Indígenas contam com o curso de Licenciatura Intercultural Indígena.

No Pará, o Dia do Índio, comemorado hoje dia 19 de abril, é lembrado pelas conquistas dos direitos indígenas no que diz respeito a educação superior. Desde 2012, a Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferta o curso de Licenciatura Intercultural Indígena, desenvolvido com um currículo voltado às necessidades de cada etnia.

Foto: Divulgação
“O curso é todo pensado, organizado para os povos indígenas e foi pensado com eles também. E, apesar de haver disciplinas como nomes comuns ao currículo não-indígena, a ementa, a metodologia, são diferenciadas”, afirma a coordenadora do curso, Joelma Alencar.

O curso surgiu a partir da demanda das próprias comunidades indígenas, por meio de uma articulação política com o Ministério Público do Estado do Pará (MPE), e é ofertado em São Miguel do Guamá, para a etnia Tembé; em Marabá, para os Gavião e, na Aldeia Sororó, para os Suruí Aikewara; em Santarém, no território étnico-educacional Tapajós Arapiuns; e em Oriximiná para a etnia Wai-Wai.

São cursos de formação de professores em turmas unicamente formadas por indígenas. “Eu sempre gostei muito da minha cultura, principalmente da nossa pintura. Eu fui buscar mais, saber mais. Com a licenciatura eu aprendi a valorizar mais minha cultura. Eu dou aula de cultura e identidade, repasso aos meus alunos que é muito importante valorizar o que temos, que é rica a nossa cultura”, conta a aluna Rarakre Gavião, da Aldeia Sororó, localizada no município de Marabá.

“A educação na aldeia é uma educação diferenciada. A gente passa o conhecimento do branco para nossas crianças, nossos alunos. A gente não quer ficar só com o português e deixar nossa cultura de lado. Queremos tanto que eles aprendam o português, como eles saibam do seu costume, da sua história, da nossa comunidade. Isso vai ser muito importante para o futuro deles, para nosso futuro”, diz ainda a indígena, que atua como professora na aldeia.

Desde o início do curso, cinco turmas passam por formação, que dura quatro anos. A previsão é que, em 2015, uma nova seleção seja realizada. “Essa é uma necessidade de vários povos aqui do Pará porque nas suas aldeias ainda existem vários professores não-indígenas atuando. E, devido às características da educação escolar indígena, que deve ser específica, diferenciada, bilíngue, multilíngue, multicultural, eles reivindicam que ela deve ser ministrada por professores indígenas”, explica a coordenadora do curso.

Do G1 PA

Nenhum comentário:

Postar um comentário